Daniela

sábado, 24 de novembro de 2012

Canis et brasiliensis


Essas são pessoas que talvez já não existam mais. São vidas de quem o mundo há muito já se esqueceu. São infâncias roubadas à navalhas afiadas, que seguem seus caminhos morrendo um pouco a cada vez. Enquanto o dia tem mil cores e tons, à noite só resta a brutalidade da escuridão, cabendo somente à lua mudar as poucas e pequenas nuances do preto que encobre e assola as desamparadas, as fedorentas, as friorentas. São muitas, são loucas, são aflitas que na calada da noite encontram a surdez do dia em que o sol nem sempre brilha. São mulheres, são pessoas, são  inertes diante de uma violência imputada, do sangue derramado, da desesperança sem fim. Sem rastro nem resto, sem voz e sem vez, assim perseguem seu destino e destinam-se única e exclusivamente  à cegueira da contradição. 

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