Daniela

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Não precisa gritar, não sou cega!


No fundo do poço do eu posso pensante
No rastro do resto, no todo de um tudo
Até quando caminha sua sede que cede
Ao desejo agreste do beijo no brejo

De deleite ao leite abundante chamava
O devasso desejo e o começo do nojo
Pois que sempre voltava voluntário momento
Moribundo infante de voraz ventania

Quando a tarde tardia posto finado meio dia
Deixava e ardia e deitava e chovia
E no assovio sombrio do sopro desgosto
Afundava e arfava safada melodia.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

A dama do sol e o céu de leão


E sofri, e chorei, e roguei, e jurei que jamais amaria, e afirmei que não me entregaria. Mas um dia acordei a tempo, e jurei ao vento viver a contento, e viver mais um pouco, e viver aqui dentro!

Então venha viajante do tempo, então venha viajante meu! Venha seja lá quem for, venha seja lá de onde, mas venha inundado de amor! Venha que chegou o momento, de esquecer o tormento, e lambusar de sentimento quem muito cansou de sofrer!

E que então morreremos velhinhos, assim bem juntinhos, Assim totalmente aninhados! E assim, muito mais que abraçados, percorreremos o mundo, o país e a cidade. E então passeando colados, seguiremos ao lado, na mais pura liberdade e completamente absortos em eternidade!

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Teorema de Valentina


Nas noites eu me expus de costas desejando respostas num murmurar sem fim
Por vezes me vi em mulheres esperando milhares de migalhas com gim
Em camas conheci a lama do melodrama mudo da solidão de mim
Às almas murmurei sozinha as migalhas minhas ao desejar um sim

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A última asa da borboleta



Se soubesse que era o meu findo minuto
Não perderia meu tempo contando os segundos
Se soubesse o sapato ao percorrer o caminho
Correria profundo em desembalada carreira
E se vivesse em vão meu derradeiro tormento
Sorriria profundo sem saber se valeu!

sábado, 3 de agosto de 2013

Caramelo e morangos


Olha só que delícia, aqui estamos nós num quarto de hotel com cama de mola e lençóis desgrenhados. Até parece que é o tempo em que vivíamos seguros de que nada morria e sem temer o que viria, vivíamos felizes! Sem medo do dia em que viraríamos saudade, cá estamos vivendo um tempo em que tarda. E no vazio das tardes não tínhamos medo, em um tempo em que tudo era festas vibrantes e de brilhos intensos. Estamos num quarto onde éramos instantes que pensávamos eternos e imbatíveis comuns. Hoje aqui estamos na fortaleza dos sonhos, na bacia das almas, na estrutura lembrança, na fantasia da história! Hoje que lembramos ao olharmos distantes, os prazeres longínquos e os sorrisos sinceros! E hoje entendemos que nas camas de mola nós vivemos histórias que tornaram-se sempre! E vivemos a vida a prendermos na história de que somos memória sem perdemos a estrada!