Daniela

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Incongruência


Hoje eles pavimentaram o paraíso e construíram um estacionamento. 
E nunca se viu tanta tristeza, tanto despropósito, tanto desmantelo. 
E cortaram a árvore, e agora? 
E arrancaram uma árvore, e pra quê? 
Para colocar no "Museu das Árvores" e cobrar ingressos para vê-la?
Ou ela cobrará um preço por esquecê-la?
Eles pavimentaram o paraíso e colocaram um estacionamento.
E eu nunca pensei com tanto choro, em tanta dor, pranto desconsolo. 
E nunca se pensou perdê-la até o dia em que, 
De repente, ela não estava mais ali. 
E nunca se viu tanto absurdo, disparate... Ultrajante. 
Agora onde ela está? 
Onde descansa? 
Onde mora?
E pavimentaram o paraíso, e fizeram um estacionamento. 
Então nunca se viu tanta insensatez, tanta estupidez, de uma só vez. 
Hoje de manhã eu cheguei e um grande caminhão branco levou a árvore embora, e ali onde ela viveu só ficou o cimento, o vazio, o lamento.
Eu não queria que ela fosse, por que ela se foi? 
Eu não queria que doesse, por que ela não ficou? 
Por que abrir mão de tudo para abrir o caminho, se não vemos os passos dados?
Pavimentaram o paraíso, e deixaram um estacionamento. 
E jamais será vista tanta natureza, nem sombra ou clareza... 
Jamais, com certeza.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Pensando no por vir quando o se foi já é tão maior


Ás portas do tempo, percebendo o quanto ele é o senhor dos fantoches que somos.
Ironicamente pensando o futuro quando ela já é então menor do que foi.
Quando tínhamos muito mais tempo nem pensávamos,
Para então o considerarmos quando já é tão menor que já quase nem o temos mais.
Que estranha relação é essa a nossa com o tal Tempo?
Que a nós é imposto,
Que pra nós é implacável,
E que em nós nem por isso é mau.
Tempo sem corpo, sem forma, nem espaço...
Quem é você com essa sua face velada?
Bonito?
Imperativo?
Estranho?
Sempre o tempo...
Aquém das nossas vontades,
Para além do sempre em tanto, 
A quem estamos presos e resolutos,
Aquele que nos torna livres e absolutos!