Daniela

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

1000 anos de solidão


Aqui jaz a Clara Dama das Trevas
O buraco negro de todas as emoções
Você solitária em perfeita solidão 
E solidão em perfeita agonia
Você o celeiro da desarmonia
E energia da pior escuridão

Você que nem é pra tanto
Mas que ganhou espaço
E que no desabafo se fez ingratidão
Você de quem ninguém espera
Você de uma dor sincera
De avassaladora destruição

Em ti repousa o claro drama da vida
A moça não nascida
De pobreza mal parida
Senhora do tormento e do lamento
Você que jamais compreenderá qual é a direção do vento

Você que é só ferida
A alma perdida
Jamais e nunca querida
A moça sem espelho
Sem desejo e sem anseio

Aqui jaz a Clara moça do breu 
Que de amargura encharcou a luz
Que no seu fel chafurdou os teus
Seus braços abertos engendraram a cruz
Que carrega consigo o descontento, o padecimento, o nojento
Mulher que só cospe pra cima
Que vomita no prato que comeu

Um comentário:

  1. Tanta solidão sufoca, mas há quem consiga tirar tanta inspiração para um poema. Parabéns, você conseguiu criar uma atmosfera densa!
    Tenha uma excelente terça-feira!

    “Para o legítimo sonhador não há sonho frustrado, mas sim sonho em curso.” (JefhCardoso)

    Convido para que leia e comente “O CHEIRO DO DIABO” em meu blog http://jefhcardoso.blogspot.com/
    Abraço de um blogueiro navegante!

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