Daniela

sábado, 10 de setembro de 2011

O melhor da vida


Passei ainda um bom tempo me encontrando com ela quando ela assim queria. Depois de um tempo acho que ela foi pra um lugar mais distante, ou sabia que eu já não precisava tanto. E um dia ela simplesmente não veio mais. 
Ela vinha me ver quando eu dormia. E a gente voava. E nas primeiras vezes eu chorava muito e ela me consolava, sempre me dizendo que tava bem, feliz e sem dor. Na última vez a gente saiu pra voar e ela me levou a um campo maravilhoso com montanhas magníficas. Nós vimos homens vestidos de operários de construção civil, com macacões azuis, e eles não tocavam o chão. Eu percebi que eram anjos ou algo parecido. Numa determinada hora ela disse que era hora d'eu voltar porque "lá" já era noite. Eu disse que não chegaria só e andando pois estávamos muito longe. Ela me pegou pela mão e me levou voando de volta até uma casa onde estava noite, e nunca mais veio me ver. Suas visitas me davam uma sensação de paz tão imensa e intensa que eu passava o dia em êxtase, como que abobalhada. Os dias chegavam a ser improdutivos, pois eu ficava fora de órbita. E sempre sempre sempre quando acordava estava gelada, tremendo e taquicárdica. Muitas vezes ainda sonho, mas nunca mais estive com ela.
Dentre tantas coisas que ela me deu em vida, sua morte me ensinou que cada perda é especial porque o vazio maciço que fica na alma acaba se convertendo em medalhas de honra ao mérito de não ter enlouquecido, e poder continuar com alegria. 
E esse é o legado que Dodó deixou pra mim!

Um comentário:

  1. Mais lindo impossível...mais lindo ainda por ser verdadeiro e por ter sido infinitamente verdadeiro!!!

    ResponderExcluir