Daniela

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Basta Me cansei de...


Cansei de ser assim
Cansei de correr atrás de você
Cansei de tentar te conquistar
Cansei da ingratidão
Cansei da injustiça pungente que vem de você
Cansei do mau humor
Cansei de ouvir
Cansei de ver
Cansei de ficar
Cansei de não ter
Cansei da falta
Cansei do silêncio
Cansei dos gritos
Cansei do lado
Cansei do coração disparado de mágoa
Cansei das lágrimas
Enfim...
Cansei de correr atrás de você

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Eu não moro mais aqui (ou: Marina me explicou tudo)



Essa noite eu tive um sonho por deveras esquisito, para não dizer tenebroso...
Tudo começava num salão estranho onde acontecia uma reunião que não sei bem definir ser um culto, uma reunião espírita, uma palestra religiosa. De repente, não mais do que de repente eu começava a flutuar e ser jogada para baixo, para cima e para os lados como um balão se esvaziando depois de ser soprado. A sensação de flutuar deveria ter sido boa, mas de maneira nenhuma foi. Enquanto eu flutuava com a ventania que atingia somente a mim, eu entendi que estava possuída, mas que ninguém parecia se importar. As pessoas seguiam indiferentes até que uma mulher saiu da palestra, me agarrou pelo pescoço como num mata-leão e começou a rezar enquanto eu chorava e tentava entender porque logo eu estaria possuída, e mais ainda... o que estaria me possuindo. 
Bem, a desconhecida, porém caridosa alma, me largou, e as coisas se acalmaram. Ela me disse que se eu quisesse depois poderia ser feito um exorcismo. Respondi a ela que queria que fosse feito naquele momento.
Então, as coisas começaram a ficar mais complexas e por demais incompreensíveis. A Wandréa (e nem me perguntem o porquê dela neste contesto) apareceu para proceder o exorcismo. Sentamos num cercadinho feito por cordas, em posição de ioga. E quando ela tomava meu pulso radial, o cenário instantaneamente mudou por inteiro.
Passamos para um ambiente externo. Era um dia de sol. E não demorou para eu perceber que se tratava de um cemitério. Havia uma sepultura aberta com um caixão branco fechado do lado de fora, e uma cruz de concreto quase do meu tamanho. Quando mexi no caixão chegando-o para o lado vi meu nome escrito, como se escreve em cartão de crédito ou de banco. Foi aí que pensei: meu caixão... nossa como é simples... pra depois questionar: bom, pra quê um caixão chick se vai pra debaixo da terra mesmo? Eu mexi na cruz para tirar uma foto com ela, mas ela era bem pesada e quase caiu quando pendeu. Nesse exato momento a noite se fez escura e ainda no cemitério. Foi quando apareceu Dra. Ana Lúcia (sem a mínima razão de aparecer nos meus sonhos) vestindo uma camisa de seda azul e explicando sobre a competência das mais variadas classes de espíritos e almas penadas.
Quando nada mais parecia fazer sentido, como num passe de mágica já era dia de novo. E como que numa viagem de LSD ou um livro de Kafka, eu estava andando num banco que tinha na casa da minha vó Lerite como se fosse uma bicicleta, pela rua onde morei por 23 anos, passando em frente a casa de tia Julinha (como era quando a gente se mudou para a rua). Encontrei então a Alessandra, que olhava para a casa como quem procura a campainha. Eu saltei do banco, fui em direção a ela, peguei no rosto, dei um beijo e um abraço apertado. Nessa hora eu pensei: era isso que faltava, eu precisava encontrá-la para me despedir. Mas no começo ela só me abraçava com um braço e não dizia nada. Me lembro de pensar: não, por favor não faça isso, me abraça direito, porque eu sabia que não passaria dos 37.


Neste exato momento Marina entra no quarto e me acorda pra gente tomar café e ir para o trabalho dela. Lógico, como eu sempre faço, contei o sonho pra ela nos mínimos detalhes, ainda super angustiada, pois o astral do sonho fora tenebroso. Ela escutou tudo e numa simplicidade contundente começou a falar...
"Amiga, isso significa simplesmente que você se desligou da cidade. Todas as pessoas que apareceram fazem parte da sua realidade em Brasília. Não tinha ninguém de fora. Com certeza você não tem mais nada que te ligue a esse lugar. A Alessandra apareceu refletindo a angústia que você ficou por não tê-la visto. Morrer com 37 anos pra mim significa que você enterrou a vida e as referências que tinha com a cidade que você nasceu e cresceu. Não há mais nada que te ligue ou te prenda aqui".


E ela tem a mais absoluta razão. 2009 quando estive aqui em dezembro, vim para o aniversário dela, vim com um grande problema que tinha para resolver com o Brb. Esse ano quando vim passar as festas de fim de ano também vim resolver minha situação com o COREN-DF. Realmente... os dois problemas foram resolvidos e realmente não há mais nada que me prenda ou me ligue a essa cidade. Quando vier a Brasília, será única e exclusivamente para ver as pessoas que amo, mas não há nada além de pessoas!


Brasília, 07 de janeiro de 2011
(Horas antes de voltar para a Paraíba)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O País do Sol-Nascente (Quadrado)



         A justiça eleitoral brasileira deu hoje um importante passo no processo de moralização da democracia do país ao pedir prisão - com pena de até 05 anos para o palhaço (do) Tiririca. A acusação de falsidade ideológica e na declaração de bens patrimoniais é de incontestável relevância social. Não é crime ser palhaço, muito menos analfabeto. Porém falsificar, tentar burlar e enganar a justiça só prova que não há nenhum senso de moral, que seu caráter é fraco e com isso mostra uma grande disposição para o roubo, a falcatrua e a malandragem - atitudes que tanto estigmatizam os políticos brasileiros. Que este episódio sirva de lição para todos os cidadãos e personagens caricatos que possam por ventura continuar achando que o direito ao voto e o próprio país não mereçam o máximo de respeito e o mínimo grau seriedade. 
        Muito me admira eleitores (em sua maioria nascidos antes de 1984) que nasceram e cresceram sob o júdice da ditadura, como eu, tenham tanto descaso com a liberdade e tanto desrespeito com a democracia. É vergonhoso tanta imaturidade política mais de 2 décadas depois do início do processo de democratização. 
O voto de protesto tem que ser consciente e sobretudo responsável, para que assim tenha sua razão de existir, leia-se, trazer benefícios e melhorias para o cidadão. 
       A grande roda da engrenagem viciada da política brasileira sempre será  lubrificada enquanto houver palhaços funcionais e analfabetos políticos. Por isso aprenda, sr. Tiririca, que o Brasil é um país sério. E aprendam também, eleitores de São Paulo - que por sinal, fica muito longe do nordeste: o Congresso Nacional não é o picadeiro da sogra e Brasília não é a casa da Mãe-Joana.


João Pessoa, 26 de novembro de 2010

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Revelada


Eu sou a consciência contínua de mim. A inteligência que ansiei por muitos e muitos anos. Estou apaixonada como sempre estive, e quero ver o que vai acontecer agora que a humanidade voltou a questionar. Eu não seria persuadida logo agora a fechar os olhos pra razão. Fui feita para triunfar sobre o tempo até que o próprio tempo resolva enfim me derrubar.

Parábola do livro de Saulo


Sa 23:17 como um leão errante nas terras baixas da áfrica, 
ela externou tudo que queria na figura de um rugido único.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Extra... Extra! (Ou: Saulo Eduardo em "Cronicas de um motor depauperado")



Era uma tarde comum de uma 6ª feira mais comum ainda. O sol brilhava e a cidade estava calma. Tinha ido eu para casa almoçar e arrumar minha bagagem para partir, exatamente como faço em toda semana que se finda. Parti com a promessa de Eduardo me buscar na minha residência, por gentilmente se importar com meu bem estar físico.
À medida que o tempo passava, fui percebendo que Eduardo não viria e fiquei preocupada. Eis que então me liga ele afobado e arfando, sem dizer coisa com coisa, numa incoerência que impossibilitava uma compreensão imediata. “O pinto, um pinto, o pinto entrou e me lascou... O meu... O meu... Eu tô com ele parado aqui em casa, tá uma catinga horrível e fazendo um barulho horroroso, a cabeça ficou presa... Eu já liguei pra paínho... Não sei mais o que fazer, acho que vou ter que deixá-lo aqui ou mandá-lo pra João Pessoa com cuidado”. Como eu não compreendi nada do que se passava, me despenquei em desembalada carreira para o local do acidente, já pensando a essa altura tratar-se de um bordel. Pela estrada a fora eu fui bem pensando que cada vez mais a minha teoria de que pinto quando entra errado ou na hora errada, sem ser convidado, só causa estrago. O que me intrigava era o fato de Eduardo, logo Eduardo estar desfrutando desta conclusão.
Por desencargo de consciência e por não saber onde fica a zona da cidade, resolvo passar pela sua casa, quando me deparo com a cena mais desoladora de todos os tempos: uma criatura aflita, com um semblante que seria trágico se não fosse cômico, desesperadamente falando em dois telefones ao mesmo tempo e seu precioso carro com o capô aberto. Eduardo olha pra mim e pronuncia a estranha frase: um pinto entrou e acabou comigo. Eu juro, neste momento pedia a Deus que esta fosse mais uma frase de duplo sentido comumente encontrado em músicas baianas. Olhei o mundo a meu redor - o capô aberto, o olhar desconsolado, um cheiro abominável, uma pequena multidão que se aglomerava nas adjacências do veículo, crianças correndo, ambulantes transitando, uma bandinha tocando, carpideiras chorando, todos olhando à esquerda e derrepente... Tá lá o corpo estendido no chão.
Foi como se o sol mais brilhante estivesse clareando o planeta mais escuro. Montar o quebra-cabeça do pinto de Eduardo me levou ao êxtase! Parte do que um dia foi um infante galináceo jazia decapitado ao longo da sarjeta sob os olhares melancólicos das pessoas. O destempero foi tamanho que ganhou as fronteiras da cidade, ultrapassou a barreira da Universidade e foi bater em Remígio. Foi somente quando a chefe do pobre funcionário-padrão chegou - desbravando a selva de gente, rindo da odisséia e do caos instalado e desfilando no meio do carnaval - que pude finalmente desvendar o efetivo ocorrido: quando paramos na porta do cartório, um pinto ninja arrombou o cadeado da gaiola e penetrou as dependências do motor do carro. Ao ser dada a partida foi pedaço do mesmo para os quatro cantos do além. Isso ocasionou o deslocamento da correia dentada, o superaquecimento do motor e o gelo na espinha do proprietário.
Tomadas as devidas providências para a transferência do doente a um centro de atendimento mais especializado, a situação foi se acalmando, porém a espera se estendeu pela longa tarde. Ficamos esperando, esperando, esperando o trem quando mais à tardinha, quase de 4, aparece  Pinto Pai reclamando o corpo do ente querido, gritando e fazendo algazarra, clamando por justiça e desferindo sua fúria. Ordenado que ficasse quieto, pois o sol não havia se posto, mesmo sendo ele o galo da madrugada não podia dar nem um piu-piu, sob pena de ir para a panela. O dito cujo só baixou a crista quando a ambulância chegou para resgatar o enfermo e transportar seu já letárgico dono.
Finda tortura, partimos daquele inferno e vimos o sol se por em tons púrpuros na boléia de um caminhão, desbravando os tortuosos e curvilíneos caminhos até a capital, por um purgatório nunca Dante navegado. Por fim, quando pensamos ter encontrado o paraíso, vimos que o brejo não era tão ruim assim. Ao chegarmos à porta da concessionária fomos barrados na Disneylandia. Imploramos para entrar, alegando que até o pinto tinha entrado todo. Impedidos, vimos caminhões e carros apressados a passar por nós e ficamos a beira do caminho - a esperar - de mala, cuia e na companhia de um discreto ventilador. E ali, amaldiçoando quase todos os pintos do planeta, terminamos a noite na esperança de que a luz da lua abrandasse o coração dos cuidadores e que por fim iluminasse futuro incerto do automóvel imolado!
Areia, 19.11.2010

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Eu finjo ter paciência!


Espreguiçar é muito bom!
Não espanta a preguiça,
Mas diverte quem está do lado!!!