Essas são pessoas que talvez já não existam mais. São vidas de quem o mundo há muito já se esqueceu. São infâncias roubadas à navalhas afiadas, que seguem seus caminhos morrendo um pouco a cada vez. Enquanto o dia tem mil cores e tons, à noite só resta a brutalidade da escuridão, cabendo somente à lua mudar as poucas e pequenas nuances do preto que encobre e assola as desamparadas, as fedorentas, as friorentas. São muitas, são loucas, são aflitas que na calada da noite encontram a surdez do dia em que o sol nem sempre brilha. São mulheres, são pessoas, são inertes diante de uma violência imputada, do sangue derramado, da desesperança sem fim. Sem rastro nem resto, sem voz e sem vez, assim perseguem seu destino e destinam-se única e exclusivamente à cegueira da contradição.
Daniela
sábado, 24 de novembro de 2012
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
Vai dormir criatura púrpura do pântano nebuloso!!!!
Você que joga com penas
Que grita com letras
Que pestaneja em vão
Eu que pelejo insone
Que vagueio incólume
Que me reviro em panos
Nós que assim vivemos
Nem assim dormimos
Nem por isso mesmo
Seguiremos fartas
De prazeres meros
Na calada fria
De uma noite apenas!!!
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Fígado
No arcabouço estrutural das minhas lembranças
O gosto se perdeu no tempo distante
Quem sou eu já não sei mais
Por que vim já nem entendo talvez
No não efêmero Yom Kipur da minha alma liberta
O gesto se achou no espaço presente
E um dia começou hoje e feliz
na certeza vã da idade incerta
No futuro inserto do mecanismo andante
O errante espera um desfecho justo
E na esperança vã do remoto asfalto
Me dirijo hoje ao saber pra sempre!
O gosto se perdeu no tempo distante
Quem sou eu já não sei mais
Por que vim já nem entendo talvez
No não efêmero Yom Kipur da minha alma liberta
O gesto se achou no espaço presente
E um dia começou hoje e feliz
na certeza vã da idade incerta
No futuro inserto do mecanismo andante
O errante espera um desfecho justo
E na esperança vã do remoto asfalto
Me dirijo hoje ao saber pra sempre!
domingo, 28 de outubro de 2012
Chã de dormir
Um dia quando eu não estiver mais aqui não chore a minha ausência. Lembre-se que no sono da eternidade minha alma liberta não pertencerá mais a um corpo que sofre e não padecerá mais das dores diárias. No dia que eu morrer não chore minha não mais existência, pelo contrário, alegre-se com a minha essência e perceba na desistência da luta um descanso merecido. Lembre-se dos dias de alegria mas não se esqueça do martírio transcorrido, na medida do impossível com bravura, e repare na beleza da gritante diferença das minhas lágrimas de viva para meu sorriso de morta!
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Lança com lobos
Nós somos o que somos
Somos belos por não sermos perfeitos
Somos velhos pois ainda não morremos
Somos jovens por ainda vivermos!
Nós somos o que um dia fomos
Também aquilo que um dia seremos
Somos resultado do que sempre fizemos
E somos belos porque simplesmente sermos!
domingo, 14 de outubro de 2012
O que descama da boca nem sempre ilustra o livro sagrado
Eu sou a oportunidade perdida de evolução
Sou meia noite e doze
Sou uma duzia de razões
Sou o raso das emoções
Sou a aflição em busca de consolo
Sou o que não deveria ter sido
Sou quem já devia ter ido
Um elo de perdida intenção
Sou oportunidade esquecida de perdão
A razão imoral do abandono
Sou a busca de um cão sem dono
Hoje sou a sua e a minha mais pungente solidão
sábado, 13 de outubro de 2012
Dança com estrelas
Hoje acordei assim meio que ao meio. Não é assim uma coisa de pra sempre, é só coisa de hoje mesmo. Ontem dormi e sonhei com a fumaça. Então acordei com a lembrança do cheiro e decorri esquivando do amargo da coisa. Sem saber se será enfim por quanto, permaneço pensando no assunto proposto. E sem querer que isso dure pra sempre decidi ir somente tomando o meu banho.
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